CAIXINHA #07: Precisamos superar o carnaval que não tivemos
Que tal trocar os últimos minutos de expediente nessa segunda ainda cansada por umas músicas novas?
Amigos e amigas, hora de abrir a Caixinha da semana.
Depois de uma folga pra um carnaval que não existiu, voltamos, ainda num clima de leve ressaca, com as melhores novidades da música popular brasileira. O único objetivo aqui é fazer você dar uma paradinha nessa segunda-feira de trabalho pra curtir uns sons novos e ficar em dia com o que a galera vai ouvir nos próximos meses.
Aliás, já vale um quadro no estilo “ouvi primeiro na caixinha”, hein? Tem uma pá de música estourando aí que orgulhosamente a gente mostrou em primeira mão nessa humilde newsletter. Essa vitória é nossa.
Na nossa salada de hoje, vamos ter um pouco de cada coisa, naquela mistura já tradicional da casa. Voltamos semana que vem com mais.
CAIXINHA #07
Thiaguinho - Voz do Pericão
Eu acho bacana que o Thiaguinho sempre dá um jeito de homenagear seus mestres, como vimos em outra edição aqui da Caixinha com Gordinho do Surdo e tantas outras vezes com Wilson Penteado, Chrigor, Belo e outros bruxos do pagode. Agora foi a vez de Péricles, que, com um simples verso, teve sua importância reconhecida pelo antigo parceiro de Exaltasamba.
Aliás, “Infinito Vol. 1”, é a última oportunidade de ver Seu Antenor em ação no surdo da excelente banda de Thiaguinho. São 17 faixas e eu adianto que foi difícil escolher uma só. Mas que musicão que é “Voz do Pericão”! Se for trabalhada nas rádios tem tudo pra ser uma das mais tocadas do disco. Aí depois a gente levanta a plaquinha do “eu já sabia”.
MC Luan da BS - Outras Vidas
O funk sad é um dos rolês que eu mais tenho curtido recentemente. Pra quem quiser saber mais, o craque GG Albuquerque já escreveu no portal Kondzilla sobre isso em 2019 (veja aqui). Dois anos depois, a gente já vê umas evoluções daquilo que começou com “remixes de raps acústicos e hits internacionais”. Com produtores e MCs bebendo de uma fonte construída por MC Marcinho e outras lendas do funk melody, a gente agora encontra, em músicas como essa do MC Luan da BS, uma espécie de mandelão triste.
O maior barato aqui pra mim foi prestar atenção nos detalhes melódicos que vão floreando o beat feito por DaBS Prod. Desde o violino, passando pelas dobras dos vocais e os “gritos” que vão aumentando a pegada sofrida da faixa, até a flauta e o teclado à moda T-Pain. Uma construção feita com uma mistura muito louca de referências que deu certo no final das contas.
MC Kekel e MC Rita - Eu Não Tenho Tudo
Mundão girou e Kekel e Rita se encontraram novamente, dois anos depois da estrondosa “Amor de Verdade”. A galera logo sente a pegada do antigo hit quando dá o play em “Eu Não Tenho Tudo”, parceria que a dupla lançou na semana passada. Kekel não emplaca um hit há muito tempo, mas não muda a estratégia: segue firme e forte como o maior (e talvez o único) representante do dancehall brasileiro. Ele já fez uma dez músicas iguais a essa e eu gosto de todas, confesso.
Manu - Sapatinho do Bebê
Eu não conhecia a Manu, que assina também como Manu Batidão, mas gostei bastante do que ouvi quando dei play nessa música, que, admito, me atraiu pelo nome. O timbre dela é bonitão, com um drive que tá na moda, e casa bem demais nesse arrocha estilo Gusttavo Lima. Foi uma sensação parecida com a que tive quando ouvi a então Mayara Prado, que depois passou a ser conhecida como Lauana Prado. Bom sinal.
Fagner - Rosa
O Raimundo Fagner - pessoa física - faz muita força pra eu não gostar dele, mas aí vem o Fagner - pessoa jurídica - e me faz duvidar de mim mesmo. Esse papo daria pra mais de metro, mas a ideia aqui não essa. Então, relutantemente, sugiro essa linda versão que ele fez da fundamental “Rosa”, de Pixinguinha, pra apresentar o disco que vem aí, “Serenata”, só com clássicos da seresta e da música popular brasileira. É difícil, eu sei…
A Travestis e Swing de Mãe - Disputa
Pra fechar essa lista com o retrato da negação que persiste em me consumir e não me deixa aceitar que o carnaval não aconteceu, venho aqui com um memehit de primeira. Naquele clima de música de desafio, A Travestis e Swing de Mãe samplearam “Applause”, de Lady Gaga, pra fazer uma espécie de spin off de Teila e Zaga. Mais uma da série: a gente jamais vai saber como teria sido se tivesse rolado folia.